Manuel Queiroz

Um outro record

E Cissokho lá foi mesmo pelos tais 15 milhões que me pareciam impossíveis como escrevi aqui anteriormente. Em 1996, o FC Porto estabeleceu um recorde mundial para o preço da transferência de um guarda-redes, agora fê-lo com um defesa-esquerdo. Vítor Baía foi para o Barcelona por algo como oito milhões de euros, se bem me recordo, e Cissokho por 15 para o Lyon - creio que Roberto Carlos não valeu tanto quando passou do Inter para o Real Madrid. Mas, sobretudo, nenhum jogador sem curriculum internacional alguma vez valeu tanto dinheiro numa transferência ou se valorizou tanto em tão pouco tempo.

O futebol tem coisas destas. Cissokho melhorou muito ao longo dos últimos seis meses, aprendeu a defender, mas ainda assim há muito pouca - ou nenhuma - racionalidade nestes 15 milhões que o Lyon aceitou pagar, depois de o Milan ter posto defeito nos dentes e não ter aceite o negócio que já estava feito no passado dia 13 de Junho, o dia de Santo António. Um mês depois, quase dia por dia, o FC Porto lá conseguiu chegar ao mesmo preço e livrar-se daquilo que ia sr um grande problema. Porque nestes negócios criam expectativas que depois são difíceis de desfazer em casos destes de jogadores que não têm nenhuma certeza de voltarem a ter uma oportunidade assim. Cissokho queria ir, porque também foi melhorar muitíssimo o seu nível de vida.
Há negócios assim, que correm muito melhor do que se podia imaginar mesmo nos melhores sonhos. Há quem diga que Cissokho é um fenómeno, que em seis meses aprendeu tudo o que precisava de saber. Bom, a fé nestas "Novas Oportunidades" futebolísticas deixa-me sempre muitas dúvidas, porque ninguém consegue melhorar tanto em tão pouco tempo. E depois no futebol é preciso muito mais do que isso para um jogador valer 15 milhões. Ou devia ser...